Tutóia

Durante sessão na Câmara dos Vereadores, presidente da AMOPPE fala sobre os perigos da implantação da Biomar Mineração em Tutoia

Na segunda-feira (11), ocorreu na Câmara dos Vereadores de Tutoia uma sessão ordinária sobre a implantação da Biomar Mineração que tem interesse na extração do calcário em nossa região.

O presidente da AMOPPE – Associação dos Moradores e Pescadores dos Povoados Estiva, Baixa da Madeira e Ponta de Faca, Manoel Castro, esteve presente na seção, juntamente com o presidente da Colônia de Pescadores, Francisco Bem-Te-Vi, para esclarecer todos os perigos que a entrada da empresa pode resultar para o meio ambiente e sociedade pesqueira de Tutoia.

O objetivo da participação de ambos os representantes foi contar com a ajuda dos vereadores em trazer alusão a diversos pontos que ainda estão em aberto sobre a extração do calcário, e como a chegada desta empresa vai trazer melhorias para a cidade.

Em sua fala, Manoel Castro começou dizendo que, como filho de Tutoia e do Povoado Estiva, é com coração e sentimento que pediu a participação na sessão para solicitar uma maior colaboração e cooperação dos vereadores neste assunto.

“Queremos a proteção das nossas riquezas, do nosso meio ambiente e da valorização dos pescadores. Hoje a nossa cidade já tem uma empresa que atua na extração do calcário, retirando cerca de 50 mil toneladas por ano da região. Com a chegada da Biomar, serão mais 10 mil toneladas por semana. Eu pergunto: têm necessidade disso? ”, questiona Manoel.

Diante dessa situação, ele pediu uma extração consciente, lembrando que Tutoia vive da pesca, na sua maioria artesanal e para sobrevivência.

“Temos que ter cuidado e saber onde vai mexer na estrutura econômica destas famílias. O seguro que o governo federal paga é de 6 meses e nem todos têm acesso. Por isso, as empresas que estão querendo entrar na cidade precisam respeitar as riquezas e gerar oportunidades para essas pessoas, visto que não queremos que elas saiam. Elas precisam permanecer nas suas terras e fazer aqui crescer”, disse Manoel

Assim, a Câmara dos Vereadores precisa olhar com carinho para as dores da sociedade, porque, quando a empresa fizer a exploração do calcário, tirando o sustento do pescador, como eles vão ficar? Neste sentido, foi solicitado mais clareza neste processo de aplicação da Biomar, com um estudo independente sobre os riscos dessa exploração.

Além disso, é preciso criar mecanismos de desenvolvimento econômico e humano. O Ibama acatou os dados da empresa, apresentou-o à sociedade e foi graças a algumas pessoas que as associações conseguiram saber da audiência pública realizada na última semana, tendo acesso a fragilidade do estudo apresentado pela Biomar.

“A empresa disse que não vai gerar expectativa, onde os empregos vão vir de fora. O projeto vai tirar 40 mil toneladas, colocar nos navios, sair das águas de Tutoia e depois exportá-las, sem passar por dentro da cidade, não gerando benefícios à sociedade”, disse Manoel.

É nesse sentido que perguntamos: porque essa empresa pode ser autorizada a usar a estrutura de Tutoia, se nada será convertido a população? Pelo contrário: nossa pesca está em risco!

E falando sobre riscos, o presidente da Colônia de Pescadores de Tutoia, Sr. Francisco Bem-Te-Vi, lembrou que a pesca na cidade está muito fraca e com uma empresa desta, vai ficar pior.

“Minha preocupação maior é que, quando a empresa tirar o calcário, as águas podem engolir a nossa cidade. Isso sem falar que, com a outra empresa que já está instalada em nossa cidade, nas águas de Tutoia vem aparecendo o chamado Camarão Malásia, que come o camarão da nossa região, acabando com a pesca”, disse o Sr. Francisco.

Diante da exposição de argumentos sólidos, alguns vereadores concordaram com o posicionamento dos representantes da sociedade civil e se colocaram à disposição para investigar mais sobre o assunto.

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