‘De Volta Para Minha Terra’: Manoel Castro fala sobre os projetos que tem para Tutoia e porque pretende voltar para a cidade

Na quinta-feira (27), a AMOPPE – Associação dos Moradores e Pescadores do Povoado de Estiva, Baixa da Madeira e Ponta de Faca realizou a Live no Instagram “De Volta Para a Minha Terra”, que tem como objetivo incentivar os “Filhos da Terra” a voltar para a nossa região, ajudando no crescimento do povoado.

E nosso primeiro convidado foi Manoel Castro, presidente da associação, que desde 2018 vem se organizando para voltar a morar no povoado de Estiva e assim levar à população todo o seu conhecimento adquirido nesses anos morando longe, favorecendo o crescimento da região e aprimoramento profissional das pessoas do povoado.

Em um papo, bastante descontraído, Manoel começou a live falando dos motivos que o levaram a sair de Tutóia, e isso está bastante ligado à falta de infraestrutura que a região oferecia, algo que é sentido até hoje, ainda mais quando o assunto está relacionado aos estudos.

“Assim, como eu, outras pessoas saíram para conseguir mais condições de vida. Há 30 anos, não tínhamos energia elétrica e o acesso a comunicação era somente via rádio, onde apenas 3 pessoas tinham aparelho em casa, sendo esse o atrativo no povoado. Só havia uma escola (como é até hoje), e quando chegava no 5° ano, era preciso sair para outras cidades para estudar e conseguir uma qualificação melhor”

Para Manoel, não existia qualquer outra opção dentro do povoado para que a pessoa buscasse algo melhor. Era necessário sair em busca de melhores condições de vida. E foi isso que sua mãe fez, com 5
filhos pequenos, atravessando o rio da região em uma canoa, com uma garrafa de café na mão, sem noção nenhuma do que iria encontrar pela frente.

“Tínhamos medo de pessoas. Pensa sair do interior e ir para a capital. Eu era muito tímido, tinha medo de me comportar, medo de falar e foi difícil superar. Mas, a principal ferramenta para conseguir algo foi essa dificuldade, pois eu sentia que precisava de mais para vencer”

Depois de estudar, ele conseguiu diversas oportunidades, mas nunca deixou de gostar da sua terra natal, e não aceita que as pessoas não possam fazer algo para elas mesmo.

“Hoje vejo que tenho a chance de ajudar aqueles que ficaram, pois, na época, ninguém fez isso por mim, então chegou a minha vez de mostrar que isso é possível. Eu me coloco no lugar delas e essa chance quero dar às pessoas”

Fora de Tutóia, Manoel foi morar em São Luís e depois se mudou para São Paulo, onde entrou no ramo da internet, e ao obter aperfeiçoamento, montou em 2011 uma empresa de e-commerce, trazendo outras pessoas do Maranhão.

“Eu sou do tipo de pessoa que acredita que o conhecimento precisa ser compartilhado. Eu não ofereço peixe e sim a forma de pescar: ensinando. Mas, o importante é a pessoa descobrir a forma de fazer também, com crescimento individual”

E foi as condições e tendo recursos financeiros, que o motivou a voltar. Em 2018, quando vendeu sua empresa, começou a planejar em levar sua marca para o terreno onde nasceu, em Estiva. Segundo Manoel, ele tem tecnologia e a região oferece mão de obra. Portanto, é só tirar o projeto do papel e mãos à obra.

“Posso voltar para a minha cidade, criar um projeto de empreendedorismo e evoluir com essas pessoas. Eu quero ajudar no desenvolvimento da minha região em 2024, mas também explorando as riquezas naturais, pois Tutoia tem trilhas, mar, é um paraíso. Não dependo de salário, sou autossuficiente. Desde quando saí de Tutoia, só tive um registro em carteira, pois acreditava no meu potencial como empreendedor. Não preciso pensar e agir como empregado, mas sim como empreendedor”

E essa vontade de vencer foi vista no sucesso de vendas de alguns produtos que Manoel anunciava na internet. Um deles foi destaque em programas como Pequenas Empresas & Grande Negócio, no portal da UOL e no programa da Fátima Bernardes, da TV Globo.

Com essa veia de vencedor que Manoel pretende retornar para seu povoado, levando conhecimento, estrutura e possibilidade profissionais aos seus conterrâneos que aqui ficaram, sabendo que pode ser essencial no crescimento da região com a participação de várias pessoas.

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